Discóbolo de Mirón

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Rota de fuga para o professor de Educação Física: a recente oferta de trabalho no funcionalismo público*

Por: Mike Pontes

A partir do fim da era FHC, a contratação de funcionários públicos por meio de concursos realizados através de provas específicas aumentou significativamente se comparada a outras presidências anteriores no Brasil. A busca por uma vaga estável no funcionalismo público ficou estabelecida como prioridade para os professores trabalhadores nesse país, já que o piso salarial do professor é baixo e a compensação forçada se dá por extensas cargas horárias de trabalho diárias

O exército de reserva de professores formados em educação física é crescente a cada ano. A instabilidade se torna maior na medida em que existem professores desempregados esperando por uma vaga, independente da intensidade de sua insalubridade.

Mesmo com o piso salarial baixo, se comparado a outras profissões, o perfil do professor continua o mesmo. Trabalha em carga horária elevada, no caso do professor de educação física trabalha em academia em muitas atividades e quando em escola, em quantidade de turmas cada vez maiores. Às vezes o professor trabalha nas duas áreas.

O fato de ter a carga horária extensa torna a qualidade do trabalho do mesmo profissional cada vez mais baixa, partindo do princípio que o mesmo precisa planejar suas aulas, estudar e complementar sempre sua formação (esta última também exigência de mercado).

Partindo do princípio que o professor de educação física faz parte de uma categoria que possui características comuns a outras profissões do magistério, se faz mister uma análise do problema, tendo em vista que na Universidade este professor atualmente sofre com uma fragmentação na divisão do seu currículo obrigatório (licenciatura e bacharelado).

Os concursos públicos geraram um nicho de mercado próprio, são vendidas apostilas, cursos preparatórios aumentam em quantidade, nos locais de prova o mercado informal aumenta, dentre outros.

O objetivo deste texto é observar, o fato de historicamente o professor de educação física ter mudado o seu foco de trabalho. Por conta de crises atuais do capitalismo, o desemprego é crescente e o número de professores formados aumenta além das necessidades da sociedade. A quantidade de Universidades idem.

Em muitas instâncias a educação é tratada como mercado, como forma de lucro e é preciso enxergar esse fenômeno para além da aparência. Criar um curso de nível superior para a área de educação física não é caro, se comparado a outros, como medicina, odontologia, etc. Porém, o que se nota, é a crescente oferta de vagas em cursos de educação física por universidades particulares, o que gera, no futuro, excesso de oferta de mão de obra, ou, exército de reserva de mercado.

Com perspectivas de emprego reduzidas, a vaga no funcionalismo público passa, a partir de então, a ser um sonho para os professores, inclusive os de educação física, mas como se sabe, neste sistema não há oportunidades para todos. A concentração de renda é progressiva e a menor parcela da população ainda retém a maior parte das riquezas. Enquanto a exploração do homem pelo homem prevalecer no capitalismo haverá esta disputa e a maioria não conseguirá atingir seus objetivos, que em grande parte são somente a conquista de um trabalho digno, salários melhores, cargas horárias não excessivas e estabilidade diferente do que se consegue trabalhando no setor privado atualmente.

Ainda é percebível a incerteza gerada por conta da dependência de governos futuros. Não se sabe como serão as condições de trabalho para o funcionalismo público em uma próxima gestão presidencial. Menos ainda se pode imaginar no serviço privado.


*Trabalho em construção - acrescentarei detalhes a posteriori.