Por: Mike Pontes1
A atual idéia de verdade conhecida pela Filosofia se construiu com o passar do tempo desde a época em que os pré-socráticos compunham os pensadores teóricos e raciocinavam em busca de uma melhor compreensão do significado deste termo.
Por mais que não haja um consenso a respeito do significado da verdade – a verdade pode variar de acordo com cada ponto de vista – é acertado afirmar que pode haver uma diferença na sua compreensão, inclusive há deturpação do sentido da verdade quando se pensa na busca pelo verdadeiro.
Prova de que a concepção de verdade pode ser mudada é a temporalidade. Na época da escravidão, por exemplo, a verdade sobre o modo escravagista de exploração da mão de obra era justificada em uma forma espiritualmente superior, como consta em Marilena Chauí. Hoje, possivelmente, após a busca pela verdade, de tal forma que se justificasse o fato dos homens serem iguais – do ponto de vista humano - o meio de escravizar o semelhante para lucro próprio caiu por terra (salvo exceções), uma vez que se chegou a outro consenso sobre a verdade da relação feudal entre senhor e escravo, ou seja, entre homens, seres humanos da mesma espécie. Hoje a escravidão é assalariada, enfim.
Provavelmente em uma época futura, segundo autores marxistas, o conceito de verdade em relação ao sistema atual vigente não será como atualmente é (entendido). A partir das contradições que o próprio sistema gerou, por conta do lucro desenfreado e da perversa acumulação do capital, pode ser gerado outro consenso como já houve com outros sistemas.
A partir dos fundamentos básicos que compõe a busca pela verdade, segundo Marilena Chauí, pode se dizer que além das verdades citadas anteriormente, outras virão à tona, sobrepondo as atuais que deixarão de ser por uma questão de tempo. Voltando para a educação então, a questão da mercantilização da mesma já está há décadas desmascarada para os educadores, por exemplo. Compreendendo, ou na tentativa de fazê-las, as causas das formas de existência humana, é possível perceber que a verdade enxergada hoje não será amanhã tão verdadeira como atualmente é.
O conhecimento está diretamente dependente da verdade que se faz presente em cada época. A verdade é a certeza de que se precisa para formar uma determinada consciência sobre determinada coisa ou acontecimento. Quando essa consciência não é verdadeira não há caminho para se pensar em uma verdade propedêutica. Isso é ideologia. Sem querer reduzir o conceito de ideologia, citado, entre outros por Marilena Chauí2. A ideologia é uma forma de deturpar a verdade quando se utilizam falsos argumentos que por determinada visão, em determinada época, se faz existir utilizando-se de alguns argumentos verdadeiros em sua composição. Fenomenologicamente mostra a essência até certo ponto, de forma mascarada.
Se a sociedade busca e buscava, como consta historicamente a verdade, como pode haver o falso? A mentira? Esse foi o raciocínio colaborativo dos pré-socráticos.
Pode-se ir adiante. Como pode haver a fome, a miséria e a violência? Os desabrigados, sem teto, sem terra? Etc. Porque o ser humano destrói a natureza e junto com esse ato se destrói e destrói seu habitat?
Tendo em vista que a verdade surge a partir da evidência, da visão e da essência, pode-se afirmar que por conta da verdade brotada de um pensamento dominante, a evidência, a visão e a essência podem ser impostas para a sociedade de modo que esta não veja com seus próprios olhos e sim com os olhos necessários para a manutenção do poder vigente onde se deve deixar tudo como está. É preciso ter constantemente olhos armados para com os acontecimentos divulgados pelo sistema midiático atual.
A sociedade conseguirá, talvez, entender a verdade necessária para uma possível continuidade da sua existência, a partir do momento em que entender uma verdade coletiva e consensual para si. Outro consenso, diferente desse deve ser criado. Jean-Paul Sartre propunha que a situação determinante para a vida humana só pode ser superada com o engajamento em projetos coletivos. Darwin afirma que o homem é a única espécie que pode escolher o mundo em que vai viver e transformá-lo.
Referências:
CHAUÍ. Marilena de Souza. Convite à Filosofia. Ed. Ática. São Paulo. 1999. 11ª edição.
CHAUÍ. Marilena de Souza. O que é ideologia. Ed. Brasiliense. São Paulo. 1984. 15ª edição.
DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Tradução de: Mesquita Paul. V. 1. Ed. Lello & Irmão. 2003.
KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. Paz e Terra. 1976. 2ª ed.
* Trabalho escrito como requisito parcial para obtenção de grau para a disciplina Filosofia da Educação Física do curso de pós-graduação em Pedagogia Crítica da Educação Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2009.
1 Especialista em Pedagogia Crítica da Educação Física. Ufrj.
2 CHAUÍ. Marilena de Souza. O que é ideologia. Ed. Brasiliense. São Paulo. 1984. 15ª edição.
A atual idéia de verdade conhecida pela Filosofia se construiu com o passar do tempo desde a época em que os pré-socráticos compunham os pensadores teóricos e raciocinavam em busca de uma melhor compreensão do significado deste termo.
Por mais que não haja um consenso a respeito do significado da verdade – a verdade pode variar de acordo com cada ponto de vista – é acertado afirmar que pode haver uma diferença na sua compreensão, inclusive há deturpação do sentido da verdade quando se pensa na busca pelo verdadeiro.
Prova de que a concepção de verdade pode ser mudada é a temporalidade. Na época da escravidão, por exemplo, a verdade sobre o modo escravagista de exploração da mão de obra era justificada em uma forma espiritualmente superior, como consta em Marilena Chauí. Hoje, possivelmente, após a busca pela verdade, de tal forma que se justificasse o fato dos homens serem iguais – do ponto de vista humano - o meio de escravizar o semelhante para lucro próprio caiu por terra (salvo exceções), uma vez que se chegou a outro consenso sobre a verdade da relação feudal entre senhor e escravo, ou seja, entre homens, seres humanos da mesma espécie. Hoje a escravidão é assalariada, enfim.
Provavelmente em uma época futura, segundo autores marxistas, o conceito de verdade em relação ao sistema atual vigente não será como atualmente é (entendido). A partir das contradições que o próprio sistema gerou, por conta do lucro desenfreado e da perversa acumulação do capital, pode ser gerado outro consenso como já houve com outros sistemas.
A partir dos fundamentos básicos que compõe a busca pela verdade, segundo Marilena Chauí, pode se dizer que além das verdades citadas anteriormente, outras virão à tona, sobrepondo as atuais que deixarão de ser por uma questão de tempo. Voltando para a educação então, a questão da mercantilização da mesma já está há décadas desmascarada para os educadores, por exemplo. Compreendendo, ou na tentativa de fazê-las, as causas das formas de existência humana, é possível perceber que a verdade enxergada hoje não será amanhã tão verdadeira como atualmente é.
O conhecimento está diretamente dependente da verdade que se faz presente em cada época. A verdade é a certeza de que se precisa para formar uma determinada consciência sobre determinada coisa ou acontecimento. Quando essa consciência não é verdadeira não há caminho para se pensar em uma verdade propedêutica. Isso é ideologia. Sem querer reduzir o conceito de ideologia, citado, entre outros por Marilena Chauí2. A ideologia é uma forma de deturpar a verdade quando se utilizam falsos argumentos que por determinada visão, em determinada época, se faz existir utilizando-se de alguns argumentos verdadeiros em sua composição. Fenomenologicamente mostra a essência até certo ponto, de forma mascarada.
Se a sociedade busca e buscava, como consta historicamente a verdade, como pode haver o falso? A mentira? Esse foi o raciocínio colaborativo dos pré-socráticos.
Pode-se ir adiante. Como pode haver a fome, a miséria e a violência? Os desabrigados, sem teto, sem terra? Etc. Porque o ser humano destrói a natureza e junto com esse ato se destrói e destrói seu habitat?
Tendo em vista que a verdade surge a partir da evidência, da visão e da essência, pode-se afirmar que por conta da verdade brotada de um pensamento dominante, a evidência, a visão e a essência podem ser impostas para a sociedade de modo que esta não veja com seus próprios olhos e sim com os olhos necessários para a manutenção do poder vigente onde se deve deixar tudo como está. É preciso ter constantemente olhos armados para com os acontecimentos divulgados pelo sistema midiático atual.
A sociedade conseguirá, talvez, entender a verdade necessária para uma possível continuidade da sua existência, a partir do momento em que entender uma verdade coletiva e consensual para si. Outro consenso, diferente desse deve ser criado. Jean-Paul Sartre propunha que a situação determinante para a vida humana só pode ser superada com o engajamento em projetos coletivos. Darwin afirma que o homem é a única espécie que pode escolher o mundo em que vai viver e transformá-lo.
Referências:
CHAUÍ. Marilena de Souza. Convite à Filosofia. Ed. Ática. São Paulo. 1999. 11ª edição.
CHAUÍ. Marilena de Souza. O que é ideologia. Ed. Brasiliense. São Paulo. 1984. 15ª edição.
DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Tradução de: Mesquita Paul. V. 1. Ed. Lello & Irmão. 2003.
KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. Paz e Terra. 1976. 2ª ed.
* Trabalho escrito como requisito parcial para obtenção de grau para a disciplina Filosofia da Educação Física do curso de pós-graduação em Pedagogia Crítica da Educação Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2009.
1 Especialista em Pedagogia Crítica da Educação Física. Ufrj.
2 CHAUÍ. Marilena de Souza. O que é ideologia. Ed. Brasiliense. São Paulo. 1984. 15ª edição.
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