Aproveitando sempre expressões populares como um possível ponto de partida para uma reflexão sobre as contradições dessa sociedade e a respeito da educação para a vida, apesar de ninguém ler em pé, começo com algumas indagações (leia também indignações) para com possíveis atitudes supostamente apolíticas por conta de nós – corpo docente. Vejamos: é possível que um educador se despolitize e tenha como foco um trabalho socialmente justo para a população de alunos que atende? Política é coisa de político? Caberiam dezenas de perguntas da mesma linha.
Sem a intenção de reduzir alguns assuntos referentes à política educacional, o objetivo é apontá-los para uma futura explanação maior. Pois bem. Segundo Vítor Marinho de Oliveira, a educação (física) é um ato político. É difícil, diga-se impossível ou próximo de, sem ser tendencioso, dissociar a prática pedagógica da política. Por mais que o sujeito educador seja um reacionário neoliberal e moderno com seu pensamento rebocado pela ideologia dominante, também promove um ato político. O mesmo autor anterior também afirma que despolitizar-se é um ato político.
A partir de então, surgem possíveis contradições. O que é a educação para o professor conscientemente despolitizado? Esqueçamos por um momento o educador ignorante. Segundo Marilena Chauí, o ignorante é aquele que desconhece a realidade e não sabe que o faz. Já o mestre alienado, se afasta dos problemas que estão próximos de si mesmo por motivos talvez particulares. A educação para este último então seria doutrinar para o trabalho? Formar adultos despreocupados com a realidade de onde habita e do mundo? E quem se preocupará com esta? Nem uma bola de cristal de última geração da Microsoft conseguiria resolver. Talvez até o término da leitura desse texto algum sujeito educado por uma geração de professores despolitizados consiga ter descoberto uma bola de cristal da verdade com as respostas para as perguntas acima e outras: a cura da AIDS e de outras tantas doenças letais, o fim das guerras, da fome e da violência aos quais, seres humanos estão submetidos a todo o instante. Se for patenteada vai custar caro, mas o Governo pagará. Com o nosso dinheiro.
Aproveite que já está em pé (na luta) e nos faça uns favores: estude, lute, preocupe-se com o rumo em que a sociedade está tomando e principalmente: se organize. O mundo agradece.
Referência:
CHAUÍ. Marilena de Souza. Convite à Filosofia. Ed. Ática. São Paulo. 1999. 11ª edição.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital; [tradução Isa Tavares]. – 2ª ed. – São Paulo: Boitempo, 2008. – (Mundo do trabalho).
OLIVEIRA, Vítor Marinho de. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense, 2008.
_________ Educação Física: ideologia e contra-ideologia. Artus, v. 21/22, 1989.
_________ A Educação (Física) é um ato político. In: VII CONGRESSO ESPÍRITO SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2007, Vitória. Anais do VII CONGRESSO ESPÍRITO SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2007.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 13ª ed. – Campinas, SP: autores associados, 2000.
*Trabalho em construção - sujeito a modificações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário