Discóbolo de Mirón

Discóbolo de Mirón
Símbolo da Educação Física

Desaparecidos

http://nicholasgimenes.blogspot.com/2007/10/projeto-pessoas-desaparecidas.html

sábado, 16 de janeiro de 2010

Aproveite que está em pé e me faça um favor

Aproveitando sempre expressões populares como um possível ponto de partida para uma reflexão sobre as contradições dessa sociedade e a respeito da educação para a vida, apesar de ninguém ler em pé, começo com algumas indagações (leia também indignações) para com possíveis atitudes supostamente apolíticas por conta de nós – corpo docente. Vejamos: é possível que um educador se despolitize e tenha como foco um trabalho socialmente justo para a população de alunos que atende? Política é coisa de político? Caberiam dezenas de perguntas da mesma linha.


Sem a intenção de reduzir alguns assuntos referentes à política educacional, o objetivo é apontá-los para uma futura explanação maior. Pois bem. Segundo Vítor Marinho de Oliveira, a educação (física) é um ato político. É difícil, diga-se impossível ou próximo de, sem ser tendencioso, dissociar a prática pedagógica da política. Por mais que o sujeito educador seja um reacionário neoliberal e moderno com seu pensamento rebocado pela ideologia dominante, também promove um ato político. O mesmo autor anterior também afirma que despolitizar-se é um ato político.


A partir de então, surgem possíveis contradições. O que é a educação para o professor conscientemente despolitizado? Esqueçamos por um momento o educador ignorante. Segundo Marilena Chauí, o ignorante é aquele que desconhece a realidade e não sabe que o faz. Já o mestre alienado, se afasta dos problemas que estão próximos de si mesmo por motivos talvez particulares. A educação para este último então seria doutrinar para o trabalho? Formar adultos despreocupados com a realidade de onde habita e do mundo? E quem se preocupará com esta? Nem uma bola de cristal de última geração da Microsoft conseguiria resolver. Talvez até o término da leitura desse texto algum sujeito educado por uma geração de professores despolitizados consiga ter descoberto uma bola de cristal da verdade com as respostas para as perguntas acima e outras: a cura da AIDS e de outras tantas doenças letais, o fim das guerras, da fome e da violência aos quais, seres humanos estão submetidos a todo o instante. Se for patenteada vai custar caro, mas o Governo pagará. Com o nosso dinheiro.


Aproveite que já está em pé (na luta) e nos faça uns favores: estude, lute, preocupe-se com o rumo em que a sociedade está tomando e principalmente: se organize. O mundo agradece.


Referência:

CHAUÍ. Marilena de Souza. Convite à Filosofia. Ed. Ática. São Paulo. 1999. 11ª edição.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital; [tradução Isa Tavares]. – 2ª ed. – São Paulo: Boitempo, 2008. – (Mundo do trabalho).

OLIVEIRA, Vítor Marinho de. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense, 2008.

_________ Educação Física: ideologia e contra-ideologia. Artus, v. 21/22, 1989.

_________ A Educação (Física) é um ato político. In: VII CONGRESSO ESPÍRITO SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2007, Vitória. Anais do VII CONGRESSO ESPÍRITO SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2007.

SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 13ª ed. – Campinas, SP: autores associados, 2000.


*Trabalho em construção - sujeito a modificações.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O professor em busca da verdade

Por: Mike Pontes1

A atual idéia de verdade conhecida pela Filosofia se construiu com o passar do tempo desde a época em que os pré-socráticos compunham os pensadores teóricos e raciocinavam em busca de uma melhor compreensão do significado deste termo.

Por mais que não haja um consenso a respeito do significado da verdade – a verdade pode variar de acordo com cada ponto de vista – é acertado afirmar que pode haver uma diferença na sua compreensão, inclusive há deturpação do sentido da verdade quando se pensa na busca pelo verdadeiro.

Prova de que a concepção de verdade pode ser mudada é a temporalidade. Na época da escravidão, por exemplo, a verdade sobre o modo escravagista de exploração da mão de obra era justificada em uma forma espiritualmente superior, como consta em Marilena Chauí. Hoje, possivelmente, após a busca pela verdade, de tal forma que se justificasse o fato dos homens serem iguais – do ponto de vista humano - o meio de escravizar o semelhante para lucro próprio caiu por terra (salvo exceções), uma vez que se chegou a outro consenso sobre a verdade da relação feudal entre senhor e escravo, ou seja, entre homens, seres humanos da mesma espécie. Hoje a escravidão é assalariada, enfim.

Provavelmente em uma época futura, segundo autores marxistas, o conceito de verdade em relação ao sistema atual vigente não será como atualmente é (entendido). A partir das contradições que o próprio sistema gerou, por conta do lucro desenfreado e da perversa acumulação do capital, pode ser gerado outro consenso como já houve com outros sistemas.

A partir dos fundamentos básicos que compõe a busca pela verdade, segundo Marilena Chauí, pode se dizer que além das verdades citadas anteriormente, outras virão à tona, sobrepondo as atuais que deixarão de ser por uma questão de tempo. Voltando para a educação então, a questão da mercantilização da mesma já está há décadas desmascarada para os educadores, por exemplo. Compreendendo, ou na tentativa de fazê-las, as causas das formas de existência humana, é possível perceber que a verdade enxergada hoje não será amanhã tão verdadeira como atualmente é.

O conhecimento está diretamente dependente da verdade que se faz presente em cada época. A verdade é a certeza de que se precisa para formar uma determinada consciência sobre determinada coisa ou acontecimento. Quando essa consciência não é verdadeira não há caminho para se pensar em uma verdade propedêutica. Isso é ideologia. Sem querer reduzir o conceito de ideologia, citado, entre outros por Marilena Chauí2. A ideologia é uma forma de deturpar a verdade quando se utilizam falsos argumentos que por determinada visão, em determinada época, se faz existir utilizando-se de alguns argumentos verdadeiros em sua composição. Fenomenologicamente mostra a essência até certo ponto, de forma mascarada.

Se a sociedade busca e buscava, como consta historicamente a verdade, como pode haver o falso? A mentira? Esse foi o raciocínio colaborativo dos pré-socráticos.

Pode-se ir adiante. Como pode haver a fome, a miséria e a violência? Os desabrigados, sem teto, sem terra? Etc. Porque o ser humano destrói a natureza e junto com esse ato se destrói e destrói seu habitat?

Tendo em vista que a verdade surge a partir da evidência, da visão e da essência, pode-se afirmar que por conta da verdade brotada de um pensamento dominante, a evidência, a visão e a essência podem ser impostas para a sociedade de modo que esta não veja com seus próprios olhos e sim com os olhos necessários para a manutenção do poder vigente onde se deve deixar tudo como está. É preciso ter constantemente olhos armados para com os acontecimentos divulgados pelo sistema midiático atual.

A sociedade conseguirá, talvez, entender a verdade necessária para uma possível continuidade da sua existência, a partir do momento em que entender uma verdade coletiva e consensual para si. Outro consenso, diferente desse deve ser criado. Jean-Paul Sartre propunha que a situação determinante para a vida humana só pode ser superada com o engajamento em projetos coletivos. Darwin afirma que o homem é a única espécie que pode escolher o mundo em que vai viver e transformá-lo.

Referências:

CHAUÍ. Marilena de Souza. Convite à Filosofia. Ed. Ática. São Paulo. 1999. 11ª edição.
CHAUÍ. Marilena de Souza. O que é ideologia. Ed. Brasiliense. São Paulo. 1984. 15ª edição.
DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Tradução de: Mesquita Paul. V. 1. Ed. Lello & Irmão. 2003.
KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. Paz e Terra. 1976. 2ª ed.

* Trabalho escrito como requisito parcial para obtenção de grau para a disciplina Filosofia da Educação Física do curso de pós-graduação em Pedagogia Crítica da Educação Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2009.

1 Especialista em Pedagogia Crítica da Educação Física. Ufrj.

2 CHAUÍ. Marilena de Souza. O que é ideologia. Ed. Brasiliense. São Paulo. 1984. 15ª edição.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Contradições do avanço tecnológico: a praga do celular – parte 2

O celular tem viva-voz. Há décadas atrás não se acreditaria que a voz de uma pessoa pudesse ser ouvida com tom quase idêntico através de um mecanismo tão pequeno e aparentemente tão simples. O mesmo aparelho é alvo das crianças, digo, as crianças são alvos da forçação pelo consumo e pela ostentação imposta por uma sociedade que supostamente necessita deste recurso. Ele também manda mensagens de texto. Elas são muito úteis quando se quer uma resposta rápida e não se pode dar muita atenção ao aparelho ou funciona bem e local que se pede silêncio.Uma mensagem resolve muitas coisas. Às vezes.


As contradições são muitas, é importante ressaltar que o objetivo aqui não é o desejo de eliminar o aparelho de comunicação, mas sim fazer refletir aquele que de seu uso precisa. Pois bem, o viva-voz serviria a princípio para aqueles que não podem por algum motivo levar o aparelho a altura do ouvido. Por estar com as mãos ocupadas, por estar falando em mais de um celular, etc. Porém às vezes o sujeito que está do outro lado da linha não está devidamente informado de que sua fala é compartilhada com outros cidadãos ao seu redor.


O viva-voz é um mecanismo popularmente recente, nem todas as pessoas atualmente dispõem de um aparelho com tal tecnologia. Sendo assim, é fato que algumas pessoas trazem à tona assuntos com conteúdos particulares, ou seja, expõe toda a sua vida para os outros ao redor de seu ouvinte. Desnecessariamente. Sem falar no fato de que o viva-voz às vezes é utilizado em momentos inadequados, talvez por questões estéticas, as pessoas para estarem numa posição mais elevada perante as outras mostram que seu brinquedo possui maiores recursos e faz uso sempre do bendito viva-voz. Tais momentos são, entre outros, em filas de bancos, supermercados, escolas e quaisquer aglomerações de pessoas em ambiente público. O cidadão não é obrigado a ouvir essas conversas e os bips chatos dos aparelhos alheios, sem contar que o teor do assunto pode ser censurável para parte da população (mirim).


Por falar em mirim, sabe-se que as crianças são alvo fácil das aventuras que o telefone celular proporciona. São dezenas de jogos, downloads de fotos, vídeos, papéis de paredes, etc.


O telefone celular manda mensagens. Existem estudos onde são analisados o tempo em que um motorista leva para mandar uma mínima mensagem. É grande demais para a atenção que é necessária ao trânsito. Celular ao volante já é bastante discutido. Como uma autoridade multará um condutor de veículo motorizado que faça uso de um aparelho de celular para mandar uma mensagem? No ouvido é visível, sem película insulfilm, mas digitando não tem como, por enquanto. É preciso ter bom senso.


Ele atrapalha também em outros lugares. Aluno rindo sozinho na carteira é passível de desconfiança: alguma piada chegou por mensagem de texto, o famoso torpedo.


Por: Mike Pontes


Texto em edição: passível de alterações.