Discóbolo de Mirón

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sábado, 19 de dezembro de 2009

Contradições do avanço tecnológico: a praga do celular

Atualmente é aceitável o fato de o telefone celular ser um item de sobrevivência indispensável nas grandes cidades. Com a globalização, tornou-se constante a necessidade de se fazer uso deste aparelho, uma vez que é de fundamental importância a comunicação rápida por conta dos negócios cotidianos da vida urbana e corrida.


Mas até que ponto é realmente indispensável a comunicação por meio do uso do celular? Especificamente em algumas profissões ele pode salvar vidas. As profissões da área da saúde e das forças auxiliares (polícia, bombeiros, etc.), por exemplo, se acionadas em menor tempo possível evitando possíveis catástrofes de ordem natural, incêndios de proporções maiores e crimes em geral, entre outros.


Além desse uso preventivo que o telefone celular tem, ele nos traz grandes incômodos. Seria comum numa situação ao volante perceber que o condutor à frente, guiando quase em ziguezague, algumas décadas atrás estaria alcoolizado, com problemas de saúde ou coisa parecida. Hoje há mais um vilão: o celular. As pessoas não resistem em saber uma boa possível notícia e atendem a praga do celular enquanto dirigem. Alguns motociclistas (leia-se de passagem motoqueiros) chegam a levantar os capacetes e falam com o bendito no ouvido, alguns motoristas de ônibus dirigem um veículo de uso coletivo carregado de vidas e também fazem o mesmo.


Transitando agora pela educação, quais seriam os malefícios? Sabe-se que além de transmitir uma comunicação em tempo real, os aparelhos atuais filmam, fotografam e têm áudio (mp3). Pois bem, os alunos às vezes optam por necessidade ou questão de status mesmo, impostos pelos grandes meios de comunicação em massa, a se tornarem cada vez mais aderentes dessa comunicação e a fazem a qualquer momento, até que alguma atitude seja tomada, mas qual atitude tomar?


Existe grande pressão por parte deles e até mesmo dos pais, de que a comunicação que se faz pelo aparelho é indispensável, mas o tempo livre (recreio) do aluno na escola é pequeno, ele não o utiliza para fazer ligações, logo, tenta burlar o horário de aula, o espaço para ir ao banheiro, beber água e até mesmo dentro de sala, etc. (é comum as meninas que têm cabelos grandes utilizarem o fone de ouvido para se comunicarem pelo telefone, isso já é sabido). A certeza é de que o professor estudou, competiu com outros professores para estar ali, geralmente fez uma seleção ingrata e severa, pra merecer que sua importante fala seja constantemente interrompida por conversas de celular, sabe-se lá de que teor.


Os celulares tocam em concursos públicos. As organizadoras têm, cada vez mais, fechado o cerco em cima dessa situação, e com razão. Indiscutível seria avançar neste ponto aqui já partindo da análise deste texto.


Os celulares filmam. Será que todas as situações que acontecem em sala de aula são passíveis de reprodução em vídeo sem o constrangimento do professor? A autoridade máxima no espaço de aula é o professor. Com essa tecnologia criada pelo homem o professor deve cada vez mais estar sendo observado, mesmo sem o seu consentimento. O direito de filmar uma aula deve sempre ter a permissão do superior responsável: o professor. Existem casos e casos que um vídeo isolado pode não mostrar realmente o que acontece num espaço pedagógico. Um professor de qualquer disciplina levaria certo tempo para apartar uma briga, por exemplo, em qualquer situação. A filmagem isolada causaria um transtorno tamanho, só o lado ruim seria mostrado. E brigas e agressões entre os alunos não são incomuns na escola. Exemplos seriam massivamente citados aqui, o fato é que o professor tem o direito de saber se está sendo filmado e deve se atentar a isso.


Com as fotografias acontece a mesma coisa. Sem falar das montagens. As gerações atuais convivem com a tecnologia cada vez mais cedo, se comparada as anteriores. A manipulação de imagens é item dominado por parte de muitos jovens contemporâneos. O professor também deve saber se está sendo fotografada sua aula, o que será registrado e quem o faz. Com os dispositivos em constante processo de modernização, o mercado se sustenta assim, os aparelhos fotografam sem flashes e sem qualquer ruído, as vezes sem "abrir" o telefone, há pouco tempo atrás era coisa de 007.


O áudio é tão terrível quanto às outras três funções mais utilizadas do celular. O jovem aluno tem um apego muito grande pela música. Em uma aula chegam a tentar a qualquer custo ouvir as músicas locais que estão na moda. Da música surge outro problema, o bluethooth! É um mecanismo de mover determinados dados (músicas, fotos e outros arquivos) de um celular a outro em pequeno espaço de tempo. Quando não estão ouvindo ou tentando ouvir, estão compartilhando dados no bluethooth. E o professor ministrando a aula. Como todo professor foi aluno, sabe (ou deveria saber) toda malandragem que há por traz disso tudo. É evidente que há casos de extrema importância, mas como seriam resolvidos há duas décadas atrás? Sem o celular é claro. Dava-se um jeito. Hoje as coisas ficaram mais fáceis nesse sentido. Mais fáceis pra uns e mais caóticas para outros.


O áudio ainda se torna desagradável, na medida em que o gosto pela música é algo tão particular quanto à religião, o futebol e outras tantas coisas polêmicas. Certo dia me encontrei numa situação complicada. Trafegando em um ônibus, um sujeito tirou o celular do bolso e "deu play" numa música de gosto bem particular e incomum, pedi que o mesmo a abaixasse, com toda a gentileza e humildade, já que nos grandes centros a violência é assustadora e é fato comum os cidadãos urbanos acharem que se o sujeito está na contramão da lei é porque se calça de alguma forma mortal para tal ilegalidade. Ele não se conteve em ouvir a música de gosto bem pessoal no seu fone de ouvido e calculou que todos mereceriam ouvi-la naquele momento. Grande engano. Arrisquei-me em tal atitude, tendo em vista que na cidade que habito é muito comum a violência a noite, sem discriminar aquela pessoa, que talvez fosse um cidadão trabalhador cansado e voltando para seu lar. Entre um e outro preferi pedir uma só vez e não insistir. Não adiantou muito. A princípio ele abaixou o volume, logo em seguida aumentou novamente. As pessoas ficaram indignadas com o desaforo e todas, exceto eu, ficaram temerosas em contactar o poluidor sonoro. De certa forma me senti um cidadão em exercício dos meus direitos, por outro lado impotente por não saber de quem se tratava e se valeria à pena incomodá-lo novamente, mesmo sabendo que o incomodado era eu (além dos outros calados), pelo terceiro lado me senti ameaçado também, por saber que aquela situação não era favorável para mim, o sujeito era desconhecido e se portava de maneira à vontade demais. Alguma coisa havia de errado, preferi não arriscar mais e deixar o rapaz seguir viagem, com um mau gosto, em minha opinião, enfim.


São situações que o homem criou, mas que a solução não deve ser simples, cabem ainda sucessivas análises. Talvez em algum dado momento soluções surjam. O fato é que são proibidos música no ônibus e celular na escola. Existe lei pra isso. Se for justa ou não há de se estudar, mas enquanto for lei, é aconselhável que seja cumprida. Vale lembrar que o trocador e o motorista ficaram com medo (talvez receio) e não compraram minha briga quando fui abordar o tal causador do estardalhaço dentro do ônibus.


É jogar fora todo o empenho que o professor teve para estar ali naquele espaço escolar. Estudou, apresentou dezenas de seminários, assistiu milhares de horas/aula, apresentou trabalho final, foi selecionado entre tantos, pra em exercício da profissão, a essa altura da vida, encontrar um grande e novo inimigo. O telefone celular. Que continuemos estudando para não perdermos o foco. Solução para este problema não será fácil de encontrar, se eu soubesse estaria compartilhada aqui, tão rápido quanto um bluethooth. E de graça.

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